quinta-feira, 3 de abril de 2008

O RIO CUIABA VAI MORRER EM 2010

Rio Cuiabá vai morrer em 2010

Em 2010 a maior concentração populacional do Estado, estimada para o período em 1,3 milhão de habitantes, terá o rio Cuiabá, seu principal abastecedor de água, morto caso este continue recebendo a carga de esgoto doméstico e industrial nos moldes atuais. Foi o que apontou pesquisa de análise inédita de tese de doutorado defendida pela professora do Departamento de Engenharia Sanitária da UFMT, Eliana Rondon, no último dia 28, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pelo trabalho, Eliana conseguiu o título de doutora em Ciências em Engenharia Civil, e as autoridades públicas federais, estaduais e municipais de Mato Grosso o diagnostico quantitativo e qualitativo preciso de quanto resta de vida ao Cuiabá. Mas alguém ainda pode questionar onde está a novidade da tragédia amplamente discutida e anunciada na década de 90? E a resposta vem com mais uma obviedade para os defensores locais do meio ambiente: está na reunião, complementação e análise de dados produzidos ao longo dos últimos vinte anos por órgãos públicos federais, estaduais e organizações não governamentais. O trabalho da pesquisadora, iniciado em novembro de 1998, possibilitou uma leitura ampla das condições físico-químicas, bacteriológicas e hidrológicas dos 14 afluentes da bacia do rio Cuiabá, a partir de pontos com maior e menor densidade populacional. Essas condições foram avaliadas com base em 28 itens estabelecidos como padrão pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para averiguação da qualidade da água. Entre os itens estão, por exemplo, os que indicam os níveis de coliformes fecais, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), fósforo, nitrogênio, resíduos sólidos, entre outros encontrados na água. Todos os itens foram checados em 14 pontos numa extensão de 26 quilômetros do rio, entre a Passagem da Conceição e a ponte Juscelino Kubitschek. E a análise dos dados não vai além do previsível. Como há anos se denuncia, os córregos com maior contribuição para a poluição do Cuiabá são descritos na pesquisa como esgotos, e estão localizados nas áreas mais densamente ocupadas do trajeto. “Os quatro córregos, do Gambá, Mané Pinto, da Prainha e Barbado, apresentam características físico-químicas e bacteriológicas similares a de um esgoto de fraca concentração, ou seja, com elevados teores de matéria orgânica, coliformes e nutrientes como o fósforo, produzidos por fontes domésticos e industriais”, explicou Eliana. Porém, uma constatação importante - e que está fora de foco das autoridades públicas e mesmo dos trabalhos anteriores sobre os contribuintes para a má condição da água - foi detectado no trabalho. Segundo Eliana, em áreas distantes do adensamento populacional e onde se estabeleceram pequenas chácaras, foram observadas contribuições de poluição significativa em função da criação de animais e do cultivo de horticultura. “Essas comunidades rurais mais distantes têm grande responsabilidade na produção de dejetos. Observei que no córrego da Guarita, por exemplo, trecho pouco urbanizado, a qualidade da água é muito ruim. Isso está diretamente ligado a criação de animais como porcos, que produzem sete vezes mais matéria orgânica que nós, e à horticultura. Não existem programas de contenção para essas populações, que não aparecem como contribuintes importantes nos registros oficiais”, declarou a pesquisadora. A essas informações foram associados dados que relacionam o grau de poluição do rio com a ocupação territorial da Baixada Cuiabana de 1987 a 2000. E foram eles que permitiram a pesquisadora estabelecer o prazo de nove anos de vida para o Cuiabá. Eliana defende que caso a estrutura de tratamento de esgoto nos próximos nove anos seja proporcional a existente hoje - que limpa apenas 29% das 35 mil toneladas de lixo orgânico lançados por dia no leito – o rio não suportará naturalmente a demanda com o crescimento populacional. “Apesar de Cuiabá contar com uma cobertura de 52% de coleta de esgoto e Várzea Grande 16%, apenas 29% desse material é tratado hoje. E mesmo assim a estrutura que temos se limita a remoção da matéria orgânica”, diz trecho da conclusão do trabalho. O desenvolvimento populacional considerado foi o estabelecido em 2000 com índice de 1,34% ao ano. “Se as medidas de contenção de lançamento de esgoto não rio não forem tomadas, com o crescimento populacional dos dois municípios - que juntos têm hoje 700 mil habitantes - a previsão é de que o rio morra em 2010 quando formos 1,3 milhões”, avaliou Eliana. A pesquisadora lembrou que o Cuiabá é responsável pelo abastecimento de água de 95% da população da capital e de 82% da de Várzea Grande. E que além de ter esse papel, ele está intrinsecamente ligado à cultura e tradições locais.

2 comentários:

Elpidio Costa Junior disse...

Dia 17 de agosto de 2010 vai acontecer a Expedição Nobres / Pantanal pelo rio Cuiabá
www.mtcidades.com.br
www.aventuratur.net

♥נυℓιαηα♥ disse...

31-03-11 e o rio ainda não morreu ...
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